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A Paciente Silenciosa | Alex Michaelides

Bela Calli

Confesso que essa resenha demorou um pouquinho para sair. Fiz a leitura em agosto, pois foi um dos livros selecionados pelo bookclub para a leitura mensal, junto com "A Hipótese do Amor" (aliás, caso queira dar uma olhadinha na resenha basta clicar aqui).


Esse foi um livro que adquiri praticamente de graça, após trocar meus pontos no IPSOS ISAY por um vale-compras! O livro chegou novinho, ótimo estado esuper rápido. Mas, demorei um tempinho para retirá-lo da estante. Fiquei feliz por tê-lo feito. Foi uma grande, grande surpresa!


Mas, antes de começarmos... é importante que conheçamos um pouco sobre a obra, certo?


"A Paciente Silenciosa" é um thriller do autor Alex Michaelides, publicado no Brasil pela Editora Record, no ano de 2019. Sua versão física conta com 364 páginas, enquanto o ebook contabiliza 367 páginas. Confira ambas edições na Amazon!


Sinopse

Só ela sabe o que aconteceu.

Só ele pode fazê-la falar.


Alicia Berenson tinha uma vida perfeita. Ela era uma pintora famosa casada com um fotógrafo bem-sucedido e morava numa área nobre de Londres que dá para o parque de Hampstead Heath. Certa noite, Gabriel, seu marido, voltou tarde para casa depois de um ensaio para a Vogue, e de repente a vida de Alicia mudou completamente...


Alicia tinha 33 anos quando deu cinco tiros no rosto do marido, e ela nunca mais disse uma palavra.

A recusa de Alicia a falar ou a dar qualquer explicação transforma essa tragédia doméstica em algo muito maior - um mistério que atrai a atenção do público e aumenta ainda mais a fama da pintora. Entretanto, enquanto seus quadros passam a ser mais valorizados que nunca, ela é levada para o Grove, um hospital psiquiátrico judiciário na zona norte de Londres.


Enquanto isso, Theo Faber é um psicoterapeuta forense que espera há muito tempo por uma oportunidade de trabalhar com Alicia. Ele tem certeza de que é a pessoa certa para lidar com o caso. No entanto, sua determinação para fazê-la falar e desvendar o mistério de por que ela atirou no marido o arrasta para um caminho tortuoso que sugere que as raízes do silêncio de Alicia são muito mais profundas do que ele jamais poderia imaginar.


Porém, se ela falar, ele será capaz de ouvir a verdade?



E o que você encontrará?


  • Se passa num hospital psiquiátrico;

  • Um ótimo suspense psicológico!

  • Narrado pela perspectiva do personagem;

  • Plot twist maravilhoso!


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Minha opinião sobre "A Paciente Silenciosa"



A Paciente Silenciosa
Foto autoral por Bela Calli


"A Paciente Silenciosa" é um daqueles livros que começa despretensiosamente, mas te prende ao longo da narrativa e explode sua mente no final. Acredito que seja um dos melhores thrillers que já li em muito tempo, não somente pelo seu plot twist fenomenal, mas pela forma que o livro se constrói como um todo.


"Alceste é a heroína de um mito grego. Uma história de amor das mais tristes. Alceste decide sacrificar a própria vida pelo marido, Admeto, morrendo em seu lugar quando ninguém mais o fez. Um mito perturbador de autossacrifício, embora não ficasse claro como isso estaria relacionado ao caso de Alicia. O verdadeiro significado da alusão me escapou por algum tempo. Até que um dia a verdade veio à tona."


A história começa com Theo Faber, um psicoterapeuta forense que claramente detém uma obsessão pela famosa pintora que teve sua vida destroçada após a morte brutal do marido. Alicia Berenson foi condenada por atirar cinco vezes no rosto de Gabriel, mas os motivos que a levaram assassinar o amor de sua vida são desconhecidos, pois mesmo em julgamento, Alicia se manteve calada. Por anos, não disse uma única palavra. Enfim, após seis anos de sua internação, o cargo de psicoterapeuta forense ficou livre no Grove — e Theo largou tudo para se candidatar à vaga.


Theo não esconde seu desejo de "consertá-la" e revela que parte desse intento se dá pelas suas próprias cicatrizes, os traumas que ele mesmo superou. Posso dizer que é um personagem um tanto estranho, mas tem seu charme. A história é narrada sob seu ponto de vista, com suas impressões cercando as palavras, tornando inevitável não se envolver com ele em alguma extensão. Acho curioso que Theo não esconde de nós leitores que é quebrado, que suas intenções não são totalmente puras. Theo deseja salvá-la porque quer salvar a si próprio, porque ele vê seu reflexo em Alicia Berenson.


Claro, nem preciso dizer que essa relação só poderia levar à ruína de ambos, certo?


Talvez soe um pouco repetitivo esse meu foco no estilo narrativo, mas é porque o maior destaque de "A Paciente Silenciosa" é justamente esse: a narrativa! Um bom thriller deve ser capaz de prender nossa atenção e transferir a tensão em suas palavras, deixar-nos alerta e com um amargo gosto de estranheza. Utilizar um personagem para narrar sob sua perspectiva é um ótimo recurso para construir essas sensações, pois sabemos que o conteúdo daquelas palavras estão contaminadas — especialmente quando esse narrador é tão suspeito quanto os demais!


"Ficamos cada vez mais à vontade com a loucura, e não apenas a loucura dos outros, mas a nossa própria. Eu acredito que somos todos loucos, apenas de formas diferentes."


Como forma de dar um "respiro" — e para confundir nossas cabeças, é claro —, o autor também acrescenta as páginas do diário de Alicia, nos presenteando com uma visão mais ampla e que nos faz questionar, em certo ponto, se Alicia é realmente culpada pela morte do marido. Particularmente, sempre acreditei nisso. Penso que alguém inocente não manteria silêncio por tanto tempo (algo que os personagens também acreditam, diga-se de passagem), mas sabemos que nem tudo é tão simples. O que aconteceu naquela noite? Por que Alicia não diz nada? Essas perguntas ficam pairando durante toda a leitura.


Acho curioso como, apesar de Theo narrar a história e colocar inevitavelmente seus sentimentos na forma como conta, os trechos do diário de Alicia são muito mais intimistas e reveladores. A cada página, descobrimos um pouco mais sobre aquela personagem, sobre seu amor incondicional pela arte e pelo próprio marido que ela supostamente assassinou. Entramos um pouco mais na sua mente, em seu coração. Mergulhamos em suas emoções intensas, questionamos se ela realmente seria capaz de assassiná-lo. Não há tanta intensidade na visão de Theo. Ambos são completamente quebrados, mas suas expressões são totalmente distintas.


"Gabriel é o meu mundo, e tem sido assim desde que nos conhecemos. Eu sempre vou amá-lo, não importa o que ele faça, não importa o que aconteça, não importa o quanto ele me aborreça, não importa o quão descuidado e bagunçado ele seja, o quão egoísta e desatencioso... Eu o aceito como ele é. Até que a morte nos separe."

— O diário de Alicia.


Além dos dois protagonistas, há também outros personagens secundários que são importantes e recorrentes na narrativa. Devo dizer que todos (absolutamente todos!) são estranhos e causam suspeitas. Eles certamente me causaram desconforto durante a leitura, alguns mais que outros, mas, em geral, não suspeitei que fossem de fato o criminoso. Curiosamente, a narrativa não é sobre encontrar um verdadeiro culpado. Ao menos, essa não é a intenção de Theo! Tudo o que ele busca é ajudar Alicia a processar seus traumas. E nossa, isso é simplesmente incrível. Nós inconscientemente buscamos algum outro culpado quando esse não é verdadeiramente o intuito do protagonista. Talvez seja apenas reflexo do clichê do gênero (o que não digo ser algo ruim ou batido), mas quebrar essa expectativa é o que torna "A Paciente Silenciosa" simplesmente fascinante! Somos nós que desconfiamos da culpabilidade de Alicia. Somos nós que buscamos outro culpado. Theo está buscando o motivo. Apenas isso.


E paralelo à busca de Theo para entender, portanto, o que aconteceu naquela noite e como fazer Alicia falar novamente, também observamos o drama do psicoterapeuta e sua esposa. Os comportamentos estranhos, as suspeitas, os medos e traumas que vão retornando, cicatrizes que se abrem e sangram. Theo mostra sua vulnerabilidade, consciente de que toda essa instabilidade começou na infância.


Nesse sentido, a leitura me trouxe uma introspecção, uma consciência de que as crianças são tão sensíveis, e os adultos simplesmente não reparam; me trouxe a realização que as feridas emocionais e traumas psicológicos de um adulto geralmente tem raízes na tenra idade. E que esse sofrimento não vem com um manual de instrução. Cada um tem sua própria reação, seu procedimento, sua cura — ou seu declínio.


"Como dizia o psicanalista Donald Winnicott: "Não existe essa coisa de bebê." O desenvolvimento da nossa personalidade não ocorre de maneira isolada, mas na relação com os outros — somos moldados e completados por forças invisíveis de que não nos recordamos; no caso, nossos pais. O que é assustador, por motivos óbvios. Quem sabe quantas injúrias não sofremos, quantos tormentos e abusos, nesse território anterior à memória? Nossa natureza se formou sem que sequer soubéssemos disso."


Sobre o final, ele me pegou de jeito. Eu realmente não esperava por um desfecho como esse! Foi um plot twist genial que me deixou boquiaberta, sem palavras, quase catatônica. Parei a leitura e fiquei alguns segundos processando aquilo que havia lido e pensando "como não pensei nisso antes?". E que bom que não pensei! Pude me surpreender e foi essa sensação que transformou a experiência da leitura em algo único e marcante. Acredito que se tivesse imaginado, ou lido algum spoiler, o impacto seria bem menor.


A minha única insatisfação foi com o desfecho de uma certa personagem. Acho que ela poderia ter sofrido alguma consequência mais palpável pelo que ela fez, especialmente porque foi suas ações que causaram tantas consequências. Quando terminei, até pensei que isso influenciaria na minha avaliação (estava bem frustrada com isso), mas o livro me causou boas impressões, e sua reviravolta me impactou.


De forma geral, "A Paciente Silenciosa" é um livro que começa despretensioso, mas é simplesmente surpreendente. Sim, essa é a palavra: surpreendente. Um thriller viciante e envolvente que te fará devorar as páginas.



E aí, se interessou?




Gosta de thriller e suspense?


Então você vai adorar a nossa sessão de resenhas do gênero!


E não esquece de compartilhar a resenha com aquele amigo que não resiste a um plot twist!












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Graduanda em Letras de Língua Portuguesa e Inglesa, escritora, revisora e leitora assídua, criei meu Instagram Literário em fevereiro de 2022 para compartilhar meus surtos e experiências literárias. Decidida a trabalhar com o que mais gosta, criei também este blog para profissionalizar ainda mais as resenhas e trazer visibilidade para a literatura nacional! ♥

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