O Homem que Explodiu o Presidente | Thiago Barrozo
É sempre uma honra imensa abrir um espaço nas minhas redes para falar sobre livros incríveis. A resenha de hoje é um daqueles momentos em que percebo como sou feliz com meu trabalho, e como é gratificante tê-lo reconhecido. Um grande obrigado ao Thiago, que confiou em mim para falar sobre esse livro maravilhoso.
"O Homem que Explodiu o Presidente" é um livro do autor Thiago Barrozo, publicado em 2022 pela editora Flyve. Um thriller envolvente e inovador de 280 páginas. Atenção aos gatilhos! Classificação indicativa +16
Sinopse
Um ex-professor, ex-alcoólatra, ex-pai de família. Um homem atormentado pelo passado encontra num bilhete de loteria premiado a oportunidade de vingança que sempre almejou. Seu algoz? Ninguém menos que o Presidente da República.
Uma jornada arriscada onde uma prostituta suicida, um amigo sem memória, um advogado assassino e um traficante vaidoso embaralham os conceitos de certo e errado; onde a morte não é a última das consequências, mas, sim, o início de um longo caminho.
Afinal, como bem disse Shakespeare, é a tentativa, e não o ato, o que nos aniquila
O que você encontrará no livro?
Narrativa envolvente, que te faz mergulhar na história!
Referências brasileiras;
Linguagem rápida, próxima à oralidade... quase um diálogo com o leitor!
As epígrafes são as últimas palavras de grandes gênios da humanidade;
Leitura reflexiva e com muitas camadas;
História contada através de fitas póstumas.
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O que achei de O Homem que Explodiu o Presidente"?
![O Homem que Explodiu o Presidente do Thiago Barrozo, editora Flyve](https://static.wixstatic.com/media/a2b207_4cd0208787eb4ef0bb8438d37b9acf8c~mv2.png/v1/fill/w_980,h_980,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/a2b207_4cd0208787eb4ef0bb8438d37b9acf8c~mv2.png)
“O homem que explodiu o presidente” foi uma daquelas leituras inesperadamente maravilhosas e viciantes que nos conquista por causa do seu caráter único, e principalmente pela escrita do autor que me deixou maravilhada em diversos momentos.
"Shakespeare estava certo: a maioria de nós atiramos o passado no abismo, mas nunca se inclina para conferir se ele está morto de verdade..."
A história é contada através do Otelo, que deixou doze fitas explicando os motivos que o levaram a literalmente explodir o presidente. E é justamente através dessas fitas que conhecemos mais sobre nosso protagonista, que mesmo não sendo o mesmo de Shakespeare, possui uma vida trágica o suficiente para carregar sua referência. Ex-professor e ex-alcóolatra, tenta sobreviver com o fato de ser também um ex-pai de família. Há cinco anos, sua vida virou de cabeça para baixo. E foi por causa de um bilhete premiado da megasena que ele pôde colocar em prática o seu plano e obter a mais doce das vinganças.
A linguagem utilizada na narrativa é rápida, próxima à oralidade e bem intimista. É como se aquelas fitas fossem descobertas e escutadas por alguém, talvez um investigador, ou repórter, e veio parar em nossas mãos de alguma forma. Apesar do tom informal, o livro é muito bem escrito, e traz muitas referências brasileiras, que tornam a experiência de leitura ainda mais profunda, bela e real. Uma tragédia. Além disso, as epígrafes que antecedem os capítulos são as últimas palavras de grandes autores, músicos e gênios da humanidade — o que dá um toque mórbido e, ao mesmo, esplendidamente simbólico.
É corajoso escrever sobre política nos tempos em que vivemos. O autor não precisou citar nenhum partido ou político verdadeiro para trazer realismo, o que me deixou pensativa e, de certo modo, melancólica, afinal, como é possível que esse presidente fictício se encaixe no padrão dos políticos brasileiros? Vai muito além de fulano ou ciclano. É o país do futebol, mas nem tudo se deveria fazer torcida. O problema do Brasil não seria mais profundo?
"Eu sempre discordei de quem acha que o mundo está ficando louco. O mundo já está louco há muito tempo. O problema é que a loucura vem ganhando força. Desgraçado do tempo em que os loucos guiam os cegos. Essa talvez seja a maior ironia. [...]"
Esse livro nos mostra, através das suas camadas, que muitas questões deveriam ser levantadas. Quando Otelo cruzou com o bilhete milionário da megasena, por mais que seu plano original fosse um tanto quanto chocante, ele fez bom uso do dinheiro. E acho que isso foi um fator decisivo para a criação do meu apego pelo personagem. Mesmo que a conta bancária estivesse cheia, ele nunca perdeu a humildade, e fez o que estava ao seu alcance para ajudar o povo. Me arrisco a dizer que fez mais do que alguns políticos fizeram em seus mandatos, quando foram eleitos pelo próprio povo.
O livro traz algumas pautas sociais importantes, uma percepção quanto à forma que os moradores de rua são vistos e tratados pela sociedade, quando, se observarmos de forma crítica, eles são vítimas do sistema. Ninguém quer passar fome e morar na rua, passando frio e dormindo sobre um papelão fino, sem saber quando alguém de alma amargurada ou extinta aparecerá para mostrar sua barbárie. Ninguém deveria sofrer como o Celembra, que apanhou, quase perdeu a vida nas ruas, e teve danos irreversíveis. E talvez você pense que é exagero tratar os personagens de “O homem que explodiu o presidente” com tanta seriedade, mas a sensação de realismo é tanta, que é difícil não considerá-los pessoas reais.
"Você nunca esquece a primeira noite na rua. O frio da madrugada, o movimento das sombras, a superfície áspera da calçada. Leva um tempo até você fechar os olhos e conseguir relaxar. Um tempo ou uma garrafa de Corote — o que seu corpo absorver primeiro."
A questão é que a narrativa causa uma sensação de proximidade com os personagens, especialmente com os secundários. Todos são bem construídos, têm características marcantes, e conseguem conquistar o leitor. Eles são divertidos, e me deu vontade de encontrá-los para tomar um café "pretinho". É uma sensação nova e refrescante, pois nem sempre estabelecemos essa conexão para além dos protagonistas.
Preciso admitir que, conforme a história avançava à conclusão, senti uma ansiedade gritante, um friozinho na barriga. Naquele ponto, eu já havia criado certo apreço por Otelo, e não queria que ele concluísse seu objetivo, mas era compreensível que ele buscasse vingança com tanto afinco. Acho que o mais triste de tudo, é que ele só conseguia enxergar o que havia perdido. Ele poderia recomeçar sua vida com os milhões provindos do bilhete da megasena, poderia recomeçar com o que ele ainda tinha, afinal, havia pessoas ao seu redor. E me peguei imaginando como seria se ele decidisse seguir em frente com as pessoas que o amavam. Isso me deixou um tanto triste, confesso.
O final me atingiu como um soco. Precisei de alguns bons dias para espairecer e ser objetiva em minhas palavras. Ainda me restou dúvidas, mas por mera curiosidade. De qualquer forma, esse livro foi uma experiência profunda, reflexiva, e que dificilmente esquecerei. Algumas lições são para a vida, mesmo que elas tenham vindo através de livros... ou no caso, de fitas.
"A pessoa é a soma das suas escolhas.
As pessoas não são nada. Nem somas, nem escolhas, nem nada. Só um bando de marionetes perambulando por aí. Esperando a contagem regressiva terminar."
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Aliás... livro é de brochura e com páginas amareladas! Perfeito, né?
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