Caçador de Lobos | T. G. Braga

Bela Calli

9 de set. de 20225 min de leitura

A resenha de hoje foi possível graças ao Thiago que confiou no meu trabalho e me permitiu conhecer o seu livro maravilhoso. Devido ao meu tempo consideravelmente escasso e pelo cansaço da nova rotina, esse livro foi meu refúgio. Então muito, muito obrigada! ♥

Então, vamos começar?

"Caçador de Lobos - As Crônicas do Príncipe" é o primeiro livro de uma trilogia do autor T. G. Braga, publicada pela editora Flyve, em 2022. São 296 páginas de uma envolvente fantasia épica!

Sinopse

Em Caçador de Lobos - As Crônicas do Príncipe, T. G. Braga te leva ao mundo de Toryannar, um lugar onde os reis governam o tangível através do intangível. A escuridão subjuga povos através de gerações para derrubar o poder do Príncipe e se elevar até seu trono. Você vai conhecer a história de Masuli Smallson, um escriba que tem uma difícil tarefa para um jovem letrado: encontrar seu mestre, o Gran Conselheiro Patrick Lynder. Ignorado pelos reis, ele abraça o único homem capaz de encontrá-lo: o condenado à decapitação por assassinato e feitiçaria, Grafer Lay Woller, o caçador puro-sangue.

Não confie em ninguém. Cuide de sua mente, ela pode estar sendo enganada. Tome as armas necessárias para lutar, talvez espadas e machados não sejam eficazes. Embarque no mundo de ventos falantes, criaturas extraordinárias, as antagônicas feitiçaria e magia, poderosas lendas vivas, tavernas retumbantes e batalhas viscerais.

Pegue a tradicional caneca de café, ajeite-se em uma confortável poltrona próxima à lareira, deixe o frio lá fora e nunca... nunca apague o fogo.

O que você encontrará?

Um universo completamente novo!
Personagens que estão conectados.
Uma leitura rápida para amantes de fantasia!
Criaturas horripilantes!
E o melhor de tudo: é um livro nacional! ♥

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O que achei de "Caçador de Lobos - As Crônicas do Príncipe"?

Caçador de Lobos Livro — Foto Autoral por Bela Calli

Iniciar uma alta fantasia — ou fantasia épica, caso prefira chamar desta forma — é sempre um desafio, especialmente quando nos deparamos com um universo completamente novo. É como mergulhar numa nova cultura, onde temos que aprender sua história, seus costumes. É assim com "Caçador de Lobos". Começamos tímidos, um tanto confusos pela inserção brusca numa aventura que já acontecia. Mas, aos poucos, nos tornamos parte dessa jornada que eu garanto, vai te surpreender!

"— Enquanto houver alguém que se levante para lutar, sempre haverá amanhã."

Acompanhamos inicialmente nosso primeiro protagonista, Masuli, um escriba que viaja longas distâncias para encontrar o infame caçador Grafer, condenado à morte pelo assassinato do antigo Gran Conselheiro há quinze anos. Masuli saiu à procura de seu mestre que desapareceu após deixar uma carta demasiadamente intrigante. Mas como poderia um assassino que aguarda a execução há tanto tempo ajudá-lo? É isso que descobriremos durante a leitura!

Grafer, o segundo personagem e, diga-se de passagem, um dos mais importantes para a obra, é um homem difícil de decifrar. Através de seus flashbacks vemos que ele é um homem amoroso quando se trata dos filhos e da família, mas sua história esconde algo obscuro. As memórias relatadas no livro são importantíssimas para a compreensão do enredo e do desfecho que há de vir. Devo dizer que esse enigmático caçador também se tornou o meu personagem preferido.

O terceiro personagem digno de destaque é Harven Corson, um calaveiro — e carrasco de Grafer — que irá acompanhá-los nessa viagem para encontrar o Gran Conselheiro e manter o prisioneiro nas rédeas. Assim como o caçador, Harver também possui alguns flashbacks ao longo da obra, alguns que nos dão uma perspectiva um tanto ampla dos acontecimentos (além de uma certa indignação, certamente).

Há outros personagens que também são relevantes para a obra, sendo mencionados com certa frequência, como os pontos de vista de Jimy e seus amigos que estão lutando contra forças malignas. Creio que o mais incrível disso tudo é que todos esses personagens estão interligados de alguma forma. E eu simplesmente adorei como tudo se conecta e entrelaça no final... essa é uma característica que realmente me conquistou.

"É isso que vocês vão fazer: trazer a escuridão apagando as suas chamas."

Quanto à narrativa, ela não traz uma linguagem muito rebuscada, tal como podemos encontrar comumente em obras fantásticas. O que na minha opinião é um ponto super positivo, especialmente porque fisga um público mais amplo. Seu fluxo também é rápido, outro fator positivo que torna a leitura fluída e agradável. No entanto, é necessário tomar um certo cuidado e redobrar a atenção, pois a história conta com vários pontos de vista em diferentes tempos, e você só notará essa mudança durante a própria leitura. Esse tipo de recurso narrativo que traz as memórias dos personagens para nós leitores é muito interessante e enriquecedora, mas pode soar confusa se for lido rápido demais, ou com uma atenção mais dispersa.

O autor não nos entrega nada de bandeja. É somente conforme avançamos na história que vamos descobrindo mais sobre o universo de "Caçador de Lobos" e sua mitologia. Sou um pouco suspeita para falar sobre obras fantásticas que abraçam a criatividade e se aventuram na criação de novos mundos e conceitos, pois é meu gênero literário preferido. E nesse livro você encontrará algo totalmente novo!

Gostei do leve toque do criacionismo cristão misturado à imaginação do autor, das criaturas e os perigos que eles emanam. Além disso, senti que ainda há muita coisa a ser explorada nesse universo. Por se tratar do primeiro livro de uma trilogia, algumas questões naturalmente ficaram em aberto, mas tenho certeza que serão tratadas nas continuações e esclarecidas (aqui me abstenho de mais detalhes, pois posso soltar algum spoiler).

"— Não há mais espaço para a velha política, preciso fazer mais."

Devo dizer que a reta final foi de tirar o fôlego. O ritmo assumiu um fluxo frenético, e nossa! As cenas de ação foram muito bem descritas, até me senti eufórica pelo desfecho. Em geral, os momentos de tensão foram perfeitamente construídos, ao ponto de ser possível sentir a inquietação passando pelas palavras... especialmente quando os monstros e criaturas estão envolvidos (recém adquiri um pavor de olhos gigantes).

Mas talvez o que mais tenha me encantado em "Caçador de Lobos" é que não se trata apenas de criaturas e personagens vazios. Se olharmos sob uma perspectiva mais profunda, podemos identificar propósitos, esperança, fé e redenção — algo que te faz olhar toda a trajetória daqueles personagens com outros olhos e, claro, te faz se emocionar com o fim dessa jornada.