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Teto para dois | Beth O'leary
Demorei um pouco para soltar a resenha de hoje, pois estava arrumando o blog mais uma vez. Esse foi meu primeiro contato com a escrita da autora e devo dizer que gostei muito. Já fazia algum tempo que não trazia um livro internacional (quase um mês) e achei que esse seria o momento perfeito!
"Teto para Dois" é um livro da autora Beth' Oleary.
Publicado no Brasil pela editora Intrínseca em setembro de 2019.
São 400 páginas de ficção contemporânea, romance e humor!
Se você for sensível para temas delicados, tais como relacionamento abusivo, fica aqui o aviso de gatilho!
Sinopse
Eles dividem um apartamento com uma cama só. Ele dorme de dia, ela, à noite. Os dois nunca se encontraram, mas estão prestes a descobrir que, para se sentir em casa, às vezes é preciso jogar as regras pela janela.
Três meses após o término do seu relacionamento, Tiffy finalmente sai do apartamento do ex-namorado. Agora ela precisa para ontem de um lugar barato para morar. Contrariando os amigos, ela topa um acordo bastante inusitado.
Leon está enrolado com questões financeiras e tem uma ideia pouco convencional para arranjar dinheiro rápido: sublocar seu apartamento, onde fica apenas no período da manhã e da tarde nos dias úteis, já que passa os finais de semana com a namorada e trabalha como enfermeiro no turno da noite.
Só que tem um detalhe importante: o lugar tem apenas uma cama.
Sem nunca terem se encontrado pessoalmente, Leon e Tiffy fecham um contrato de seis meses e passam a resolver as trivialidades do dia a dia por Post-its espalhados pela casa. Mas será que essa solução aparentemente perfeita resiste a um ex-namorado obsessivo, uma namorada ciumenta, um irmão encrencado, dois empregos exigentes e alguns amigos superprotetores?
O que você encontrará no livro?
Sabe aquela trope "Apenas uma cama"? Pois, aqui você encontrará!
Responsabilidade com temas sensíveis! A autora tomou muito cuidado ao introduzir e retratar temas como relacionamento abusivo!
Está cansado do mesmo padrão estético nos protagonistas? Pois, aqui os personagens são fora do padrão! ♥
O romance é fofo e slow burn! (O que significa que o romance se desenvolve de maneira lenta!)
Personagens secundários que vão te conquistar!
E o que achei de "Teto para dois?"
“Teto para dois” foi um livro que comecei despretensiosamente e me surpreendeu muito! Vamos lá, devorei suas quatrocentas páginas em torno de 6 horas. Eu diria que este é meu novo record. E claro, tenho muito o que falar sobre ele! Mas, vamos por partes.
Depois de três meses do término do seu relacionamento, Tiffy resolve se mudar da casa do ex-namorado. Seu dinheiro é curto, por isso as opções são escassas: ou aluga um apartamento caindo aos pedaços… ou aceita dividir o apartamento (e a cama!) com um completo desconhecido.
Nosso outro protagonista, Leon, também está com pouco dinheiro e se vê sem opção se não alugar o apartamento para um desconhecida, prometendo que não se encontrariam por causa dos turnos noturnos que ele pega no trabalho como profissional de cuidados paliativos.
De qualquer forma, o contrato é firmado. Tiffy e Leon passam meses sem se encontrarem pessoalmente, trocando apenas recados através de post-its que eventualmente marcam a casa toda.
A narrativa é muito deliciosa e fácil de ler, mesmo com suas quatrocentas páginas. O que eu buscava no momento era justamente isso, um livro leve que não me faria forçar a leitura. E posso dizer que a história cumpre muito bem esse papel e te fisga desde o começo, prendendo sua atenção até o fim. Foi fácil se apaixonar pela escrita da Beth O’leary e seus personagens únicos.
“Teto para dois” é contado de maneiras distintas, alternando entre os pontos de vista de ambos os protagonistas e suas vidas que, mesmo sem querer, se entrelaçam por completo. Particularmente, adorei a forma que a transição é feita, e essas duas perspectivas nos ajudam a compreender todos os ângulos dessa história, especialmente quando a primeira impressão que tiveram um do outro foram mudando de acordo com a convivência.
"Solto um grito estrangulado. Parece que alguém vomitou arco-íris e estampas, cobrindo toda superfície com cores que nunca estariam juntas na natureza. Cobertor horrível e comido por traças em cima da cama. Uma enorme máquina de costura bege ocupa quase a escrivaninha toda. E roupas... roupas em todos os cantos." (Teto para dois, pag. 53)
Apesar de tratar assuntos delicados como, por exemplo, relacionamento abusivo, a autora foi muito cuidadosa e responsável na sua abordagem. Honestamente, isso foi o que mais gostei! O processo de realização da Tiffy foi natural e bem realista, devo dizer. Vamos descobrindo sob a perspectiva dela os efeitos que um relacionamento abusivo e o gaslighting podem causar. Tiffy vai, aos poucos, abrindo os olhos e identificando os comportamentos problemáticos do ex; ela aprendeu que a culpa não era dela e que poderia, sim, viver sem ele! Tiffy inclusive foi para a terapia! (Mandou bem, Beth O’Leary)
Além disso, adoro que a autora trouxe personagens “fora do padrão” de beleza. Tiffy, por exemplo, tem 1.82 metros de altura e não é magra; é retratada como alguém de gostos excêntricos que adora conteúdo DIY (inclusive, trabalha com livros desse tema) e não se importa de vestir roupas coloridas e extravagantes. Leon, por sua vez, é dito ser um rapaz de pele escura, cabelos cacheados e orelhas levemente de abano, um tanto introvertido e que fala muito pouco.
"Ele é alguns centímetros mais alto do que eu. Mesmo molhado, o cabelo cacheado e grosso não assenta; está preso atrás das orelhas e pingando nos ombros. O rosto tem traços finos e os olhos são bem castanhos, alguns tons mais escuros que sua pele. Ele tem rugas de expressão e suas orelhas são levemente de abano, como se estivessem se acostumado à posição por sempre manterem o cabelo longe do rosto." (Teto para dois, pag. 160)
Como eu disse, essas particularidades dos personagens é o que torna “Teto para dois” tão especial. É como se Tiffy e Leo fossem pessoas reais e com identidades bem demarcadas. Até os pontos de vistas são narrados de forma diferente. Por exemplo, os diálogos do POV do Leon sempre especificam o nome do personagem que fala, como se fosse o roteiro de uma peça de teatro. Para mim, esse recurso é mais que para diferenciar os pontos de vista dos personagens; é uma forma de mostrar como eles são essencialmente distintos — e se completam.
Focando um pouco nos personagens secundários (que gosto de ressaltar quando eles são tão — ou mais — cativantes que nossos protagonistas), eu preciso dar destaque a Mo e Gerty, que são os melhores amigos que alguém poderia ter, sério! O apoio e cuidado deles para Tiffy trouxe um quentinho para meu coração diversas vezes. Rachel também me conquistou com seu bom humor e me arrancou algumas risadas, mesmo que eu não apoiasse sua posição inicial de fazê-la retornar para o escroto do Justin. Em geral, a maioria dos personagens secundários são incríveis. O que dizer do pessoal da casa de repouso? Uns fofos!
"COISAS RUINS REALMENTE ACONTECERAM (Mo me pediu para lembrar você).
Mas você superou essas coisas ruins e é mais forte por causa disso. (Gerty me pediu para transmitir a mensagem... mas a versão dela tinha mais palavrões.
Você é linda e eu nunca vou machucar você como ele fez. (Essa parte fui eu.)
Bjos, Leon." (Teto para dois, pag. 271)
Claro que gostei de Tiffy, Leon e todos os outros, mas a estrela desse livro é, sem dúvidas, Richie, o irmão mais novo do nosso protagonista, que está preso por um crime que não cometeu. Richie me arrancou boas risadas e me fez torcer muito, muito pela sua liberdade! É aquele personagem que te conquista e rouba a cena facilmente. Se o livro tivesse um fim injusto para com ele, eu provavelmente teria surtado (não estou brincando ao dizer que me tornei team Richie).
" — Tenho um recado do Richie. Ele disse..."
" — Que eu gostaria que a Tiffy soubesse o que aconteceu. Quero que ela acredite que não fui eu. Ela parece uma moça muito legal e aposto que é linda de morrer. Dá para saber, cara, ela tem uma voz grave e sexy." (Teto para dois, pag. 93)
Sobre o romance, ele também acontece de forma muito natural. Demorou meses para que Tiffy e Leon se encontrassem de fato, o que tornou a expectativa ainda maior. O primeiro encontro não me decepcionou e, na verdade, me fez rir e torcer ainda mais por eles. Não espere que a paixão seja imediata, pois, como eu disse, o livro toma seu tempo para construir a relação dos personagens. Além disso, nossa protagonista está passando por um processo de cura, o que justifica (e torna ainda mais realista) o desenvolvimento do romance.
Com isso, posso dizer que “Teto para dois” é, portanto, um livro que certamente te fará sorrir, torcer e também se indignar em alguns momentos. É uma história sobre a vida; sobre superação, relacionamentos e esperança.
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