Resenha | Verity [+18]

Bela Calli

18 de abr. de 20224 min de leitura

Hoje é a vez da segunda leitura do Book Club Friends — "Verity" da autora Colleen Hoover.

Confesso que já queria ler os livros dela, mas ainda não havia surgido nenhuma oportunidade. E graças ao bom gosto das minhas colegas da leitura coletiva, votamos no autor da vez e escolhemos a obra. Comecei a leitura despretensiosamente e já adianto um pequeno spoiler da resenha: que livro intenso!

Está ansioso para descobrir minhas impressões sobre essa obra polêmica? Continue a leitura!

Mas, antes, um recadinho para quem já leu e sabe tudo sobre Verity:

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Se você, por outro lado, não sabe nada do livro de hoje... Não se preocupe, eu te conto!

Verity é um livro de suspense e mistério de 320 páginas da autora Colleen Hoover, publicado no Brasil pela editora Galera em 2020. O livro, por conter diversos temas polêmicos e sensíveis, pode causar gatilhos. Além disso, é uma leitura explícita, por isso não recomendo para menores de dezesseis anos.

E quanto a sinopse?...

O amor é capaz de superar a pior das verdades?

Verity Crawford é a autora best-seller por trás de uma série de sucesso. Ela está no auge de sua carreira, aclamada pela crítica e pelo público, no entanto, um súbito e terrível acidente acaba interrompendo suas atividades, deixando-a sem condições de concluir a história... E é nessa complexa circunstância que surge Lowen Ashleigh, uma escritora à beira da falência convidada a escrever, sob um pseudônimo, os três livros restantes da já consolidada série.

Para que consiga entender melhor o processo criativo de Verity com relação aos livros publicados e, ainda, tentar descobrir seus possíveis planos para os próximos, Lowen decide passar alguns dias na casa dos Crawford, imersa no caótico escritório de Verity – e, lá, encontra uma espécie de autobiografia onde a escritora narra os fatos acontecidos desde o dia em que conhece Jeremy, seu marido, até os instantes imediatamente anteriores a seu acidente – incluindo sua perspectiva sobre as tragédias ocorridas às filhas do casal.

Quanto mais o tempo passa, mais Lowen se percebe envolvida em uma confusa rede de mentiras e segredos, e, lentamente, adquire sua própria posição no jogo psicológico que rodeia aquela casa. Emocional e fisicamente atraída por Jeremy, ela precisa decidir: expor uma versão que nem ele conhece sobre a própria esposa ou manter o sigilo dos escritos de Verity?

Então, vamos para a resenha!

Livro Verity da autora Colleen Hoover, Coho — Foto autoral por Bela Calli

"Até onde vai a ficção?"

Verity foi uma leitura que pode ser descrita em uma única palavra: intensa.

Encontramos inicialmente uma escritora sem muitas perspectivas e numa situação financeira instável, que se vê diante de uma oportunidade de ouro: escrever os últimos livros de uma série famosa que fez a carreira da famigerada Verity Crawford. E nessa premissa, confesso que não tive altas expectativas.

O problema começa quando, enquanto mexia nas anotações empilhadas no escritório da autora best-seller, ela encontra o manuscrito de uma autobiografia que nada tem a ver com a série que trouxe Lowen, nossa protagonista, até a mansão onde reside a família cheia de tragédias.

A leitura desse manuscrito te faz mergulhar fundo na mente de Verity, tão fundo que te faz duvidar que aqueles sentimentos sejam possíveis. Nesse momento, fui fisgada. Fiquei indignada, perplexa, confusa, ressentida. Senti pena e também tristeza. Certamente foram cenas complicadas demais para pessoas que ainda tem um pouco de coração.

Para mim, as partes relacionadas ao manuscrito foram dilacerantes. Mas, o romance e seu desenvolvimento não me pareceu empolgante. Normalmente, não tenho dificuldade para abraçar um casal e desejar que fiquem juntos, mas essa conexão não aconteceu nesse livro. Foi a minha primeira experiência com a CoHo e não a julgarei com base nessa obra, considerando que foi um projeto diferente do que estava acostumada.

É possível que tentar se afastar um pouco do romance para desenvolver o suspense tenha afetado a química – quase inexistente – do casal? Sim, é possível. Mas, de qualquer forma, desejei um final feliz para aquela família quebrada que precisava tanto de um recomeço!

E não me surpreendi com as páginas finais do manuscrito, afinal, da forma que os relatos seguiam, era evidente que algo horrível aguardava os últimos capítulos e minhas expectativas sobre aquela mulher eram quase inexistentes.

No entanto, o final me surpreendeu. Achei curioso e um pouco assustador a forma que fui de "eu compreendo o marido" para "o que diabos aconteceu?" em tão pouquíssimo tempo. De qualquer forma, foi incrível a maneira que a CoHo nos manipulou até a última página e deixou tudo tão subtendido.

Afinal, o que foi verdade? O que foi ficção?

Provavelmente nunca saberemos.

Posso dizer que, se não ficou claro na resenha, adorei a subjetividade do final. É sim um livro de temática delicada, com momentos pesados que quase me fizeram jogar o Kindle para o alto, mas os 20% finais me fizeram prender a respiração e devorar até o fim. Não terminei a leitura com o ódio do começo, mas com uma dúvida gritante que, confesso, não solucionei até agora.

Na verdade, será que algum dia chegarei à alguma conclusão?

Será que algum dia vou dizer com clareza, total certeza, "eu finalmente descobri a verdade"?...