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O Exorcista (William Peter Blatty)

Bela Calli

A resenha de hoje é de um dos meus livros favoritos da vida! Li "O Exorcista" pela primeira vez há seis anos, guiada pela reputação do filme e, apesar de não ser tão assustador quanto eu pensava, essa obra me conquistou por completo!


"O Exorcista" é um livro do autor William Peter Blatty, publicado originalmente em 1971. Essa minha edição da Harper Collins foi publicada no Brasil em 2019, e contém 336 páginas. É um livro de ficção, com horror e mistério, e um leve tom cômico. Curioso? Então segue a leitura!


Mas antes, fica o aviso de gatilho! Eu não recomendaria esse livro para quem é sensível a questões religiosas, ok?


Sinopse

Inspirado no caso real do exorcismo de um adolescente, o escritor William Peter Blatty publicou em 1971 a perturbadora história de Chris MacNeil, uma atriz que sofre com inesperadas mudanças no comportamento da filha de 11 anos, Regan. Quando todos os esforços da ciência para descobrir o que há de errado com a menina falham e uma personalidade demoníaca parece vir à tona, Chris busca a ajuda da Igreja para tentar livrar a filha do que parece ser um raro caso de possessão.


Cabe a Damien Karras, um padre da universidade de Georgetown, salvar a alma de Regan e ao mesmo tempo tentar restabelecer a própria fé, abalada desde a morte da mãe. Neste livro, Blatty conseguiu dar ao demônio a sua face mais revoltante: a corrupção de uma alma inocente.


A menina Regan é, ao mesmo tempo, o mal e sua vítima. Ela recebe a pena e a revolta de leitores e espectadores em doses equivalentes e, mesmo quarenta anos depois, seu sofrimento e o abismo entre o que ela era e o que se torna continuam nos atormentando a cada página, a cada cena.


Um clássico do terror que se mantém atual como somente os grandes nomes do gênero poderiam criar, O exorcista não se trata apenas de uma simples história sobre o bem contra o mal, ou sobre Deus contra o Demônio, mas também sobre a renovação da fé.


O que você encontrará?


  • Um clássico do horror!

  • Diálogos sensacionais e com um tom cômico;

  • Demônios, possessão e exorcismo!

  • Perspectiva psicológica e religiosa;

  • Investigação policial de homicídio e profanações;

  • E o Padre Karras


Você sabia que com apenas uma assinatura, você poderá ler milhares de livros nacionais (e gringos!) sem pagar nada a mais por isso?


O que achei de "O Exorcista"?


Livro O Exorcista
Reprodução | Bela Calli

Primeiramente, gostaria de dizer que se você está procurando um livro que te tire o sono e te faça ir à cozinha cantando hino religioso, talvez O Exorcista não seja a melhor opção. Quero dizer, talvez suas impressões sobre a obra estejam respaldadas no filme clássico de '73, que realmente perturbou muitas pessoas na época de seu lançamento e até hoje em dia. Eu nunca assisti, tenho um certo trauma de Regan possuída brotando na minha tela por causa dos jogos jumpscare dos anos 2000. Então, a opinião de hoje é única e exclusivamente focada no livro, publicado em 1971 por Blatty.


Tudo começa quando Chris MacNeil, uma famosa atriz de Hollywood, e sua filha de 11 anos, Regan, se mudam para Washington D.C, após o divórcio. Durante as gravações de um filme na Universidade de Georgetown, Chris começa a notar acontecimentos estranhos na casa e comportamentos estranhos na garotinha. Em paralelo à isso, profanações na igreja da Santíssima Trindade alertam as autoridades e os padres da região.


Devo começar explicando que o livro é composto por camadas que vão sendo expostas e interligadas conforme se avança na história, e todos os acontecimentos e personagens que compõem a trama são importantíssimos em alguma extensão. Na casa, além das duas protagonistas, há o casal de empregados, Willie e Karl, e a assistente pessoal da atriz, Sharon, que apesar de não morar mais na residência, passa a maior parte de seus dias por lá. Esses personagens se relacionam muito bem entre si, especialmente nos diálogos que, além de sutis, existem por um propósito.


Nesse ponto, preciso exaltar a qualidade dos diálogos desse livro. É simplesmente surreal! Eles são sutis, carregados de espontaneidade e, na maioria das vezes (na maioria mesmo!) eles têm um toque de sarcasmo e humor. Para mim, essa é uma das características mais marcantes do livro, e que o torna uma das minhas leituras favoritas da vida. Mesmo durante os momentos de maior tensão, quando há um contato direto com a entidade que possui o corpo da pequena Regan, você encontra um tom cômico. Confesso que ri em algumas partes, especialmente porque, em certas ocasiões, não dá para levar o demônio a sério. Ele não procura ser assustador, muito pelo contrário! Ele zomba, humilha e afronta as demais pessoas da casa, utilizando tópicos sensíveis com escárnio, além de ser um enganador nato.


"— Solte-me, e eu lhe contarei seu futuro.

— Muito tentador.

— Meu forte.

— Mas como saber se você realmente consegue ver o futuro?

— Porque eu sou o Diabo, porra!"


E ao contrário do que se espera de um livro onde o próprio nome menciona exorcismo, a maior parte da história é voltada na busca por um diagnóstico para a mudança no comportamento de Regan. Seus sintomas vão aparecendo de forma gradativa, e Chris leva a garota em vários médicos que tentam justificar sua mudança no comportamento e feitos inacreditáveis com diagnósticos de, por exemplo, histeria, depressão, e epilepsia. Acreditando que seu transtorno pudesse ter sido ocasionado pelo divórcio dos pais, ela foi levada à psiquiatras e clínicas que, como imaginado, não surtiram efeito.


Essa busca por uma justificativa psicológica é algo bem notório e presente na narrativa. Inclusive, achei curioso como a hipótese da telecinese e os poltergeist foram justificados e tratados como um fenômeno possível do subconsciente. Inclusive, há passagens bem interessantes sobre essas teorias no livro, qual não posso dizer se foram baseadas em ciência de fato, ou simplesmente criadas por Blatty. De qualquer forma, pareceu bem convincente e trouxe um ar mais racional para uma história que retrata exorcismo.


Enquanto Chris MacNeil leva sua filha aos incontáveis médicos, a investigação, que antes era voltada somente às profanações ocorridas na igreja, se torna um caso de homicídio. O investigador Kinderman procura o padre jesuíta, Damien Karras, para saber mais sobre a Missa Negra e casos de bruxaria. Ambos são personagens muito importantes para a história, mas darei destaque a Karras, afinal, após a metade do livro, ele finalmente se encontra com Chris para falar sobre exorcismos. Particularmente, não gostei muito de Kinderman. O jeito que ele se expressa, dando voltas e mais voltas ao invés de ser direto, me incomodou. Ele literalmente "come pelas beiradas" para descobrir informações. Não é meu tipo de personagem, honestamente.


Mas Damien Karras é de longe meu personagem preferido. Com ele, não há rodeios. Ele é sincero, e também utiliza bastante de sarcasmo. Por causa da morte de sua mãe, a sua fé foi abalada. Talvez por também ser formado em psiquiatria, a descrença com relação a casos de possessão demoníaca era bem evidente. Apesar de não acreditar que Regan estava possuída, ele aceitou verificar o caso. E a partir daqui, haverá os diálogos mais inacreditavelmente perfeitos que já vi na minha experiência literária.


"— Você disse que é o Diabo? — perguntou ele.

— Eu garanto que sou.

— Então por que não faz as amarras desaparecerem?

— Veja, seria uma demonstração vulgar demais de minha força. Afinal, eu sou um príncipe! "O príncipe desse mundo", como uma pessoa muito esquisita se referiu a mim certa vez. Não lembro bem quem foi. — Uma risada baixa. — Prefiro a persuação, Karras; a união, o envolvimento comunitário. Além disso, se eu soltar as amarras sozinho, eu lhe nego a oportunidade de realizar um ato caridoso.

[...] — Mas um ato caridoso é uma virtude, e é isto que o Diabo tentaria evitar. Então, na verdade, eu estaria ajudando você agora se não soltasse as amarras. [...]

— Você é tão esperto quanto uma raposa, Karras."


A narrativa em si é rápida, e não perde tempo em momentos supérfluos que não acrescentam nada para a história. A escrita de Blatty é viciante e muito envolvente. É tudo dosado com cuidado e perfeição. E apesar de os diálogos serem escrachados com um tom cômico, Blatty sabe criar uma tensão arrepiante em momentos pontuais. Acredito fortemente que essa característica seja justamente para quebrar a angústia criada por aquela situação terrível qual uma criança e sua família está submetida.


Você certamente sentirá um arrepio em determinadas partes, é claro. Isso é um livro de horror. Há cenas muito pesadas, não vou mentir. Se trata de uma menina de doze anos sofrendo, com um demônio que profana seu corpo, inclusive de maneira sexual, e a insulta de diversas formas possíveis. É necessário ter estômago, porque essas cenas não são fáceis, especialmente se você é sensível à religião. Não é algo que vá te dar medo, mas é algo que te indignará, especialmente ao ver a tristeza daqueles que a cercam.


"— Ao buscar Deus, temos que descobrir se Ele existe mesmo, e se existe, aceitar que Ele precisa dormir um milhão de anos todas as noites ou fica irritado. [...] Com o Diabo é diferente. Eu poderia acreditar nele. Sabe por quê? Porque ele fica se promovendo. [...]

— Mas se todo o mal do mundo faz você pensar que pode existir um Diabo, como explica todo o bem do mundo?"


Algumas passagens envolvendo um outro padre, que também terá sua importância na história, especialmente na reta final, são muito profundas e trazem mensagens emocionantes sobre a fé e o amor de Deus. Sua perspectiva sobre a natureza humana nos faz refletir e questionar nossas próprias atitudes. Inclusive, o final desse livro sempre me emociona muito. Essa é a segunda vez que o li, e chorei como se fosse a primeira vez. Não entregarei spoilers, essa é uma experiência que você, caro leitor, precisa sentir por você mesmo.


"[...] Acho que é aí que está, Damien... A possessão. Não nas guerras, como algumas pessoas acreditam. E muito raramente em intervenções como esta aqui. [...] Não, costumo ver possessões nas coisas pequenas, Damien. Nas picuinhas e nos desentendimentos; na palavra cruel e cortante que salta livre à língua entre amigos. Entre namorados. Entre marido e mulher. Temos muito disso e não precisamos de Satanás para criar nossas guerras. Conseguimos criá-las sozinhos."


Para mim, O Exorcista é um livro muito mais profundo do que uma "história de exorcismo", criado para chocar as pessoas. É uma história profunda, viciante e até emocionante. Não tenha medo de ler. Esse livro não é sobre o Diabo, ou os demônios que o cercam. Esse livro é sobre amor ao próximo e o poder de Deus, que sempre prevalecerá no final.


"[...] Porque acho que a crença em Deus não é uma questão de razão. Acredito que seja, no fundo, uma questão de amor, de aceitarmos a possibilidade de Deus nos amar."



Se interessou pelo "O Exorcista?"


Então aproveita que essa edição da Harper Collins está simplesmente divina! Basta clicar aqui para ser redirecionado ♥


Para ajudar a te convencer, fiz essa tour pelo livro. Solta o play!



Gosta de horror?


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Graduanda em Letras de Língua Portuguesa e Inglesa, escritora, revisora e leitora assídua, criei meu Instagram Literário em fevereiro de 2022 para compartilhar meus surtos e experiências literárias. Decidida a trabalhar com o que mais gosta, criei também este blog para profissionalizar ainda mais as resenhas e trazer visibilidade para a literatura nacional! ♥

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